14 de agosto de 2015

VII - Imprevisibilidade




"Aprendi contigo a navegar em qualquer tempo, qualquer mar.
Aprendi contigo a desarmar as armadilhas do caminho..."

Ah a imprevisibilidade do Um Amor... É preciso colocá-la nesse rol de características desse antiobjeto de estudo que é o Um Amor.

Bem, para alguns, imprevisibilidade é o atributo que alguém ou algo possui de realizar ou ocasionar coisas inesperadas. E aqueles que assim o são realmente dão um pouco de trabalho. O ser humano precisa ser um pouco aberto, demonstrar que, além de falho, toma atitudes prováveis. Se caímos sempre na imprevisibilidade dos nossos movimentos, corremos o grande risco de subjugarmo-nos à nossa própria imprevisibilidade e tornarmo-nos desconhecidos de nós mesmos.

Claro que ser um livro aberto é problemático, uma vez que nem todos os que se dão a nos conhecer possuem a chave de leitura e, com isso, o livro acaba sendo deixado de lado, não por não ter nada a oferecer, mas porque o outro não estava preparado para lê-lo naquele momento. Mas acontece que existem pessoas para quem a chave da leitura foi dada e para essas pessoas a imprevisibilidade faz todo o sentido do mundo.

Não é aquela imprevisibilidade do segundo parágrafo, aquela é um extremo. Nem me refiro à total previsibilidade do início do terceiro, ela é o outro extremo. A virtude está no meio! O negócio, então, é saber ser um livro. Ser improvável como um, mesmo que o leitor, quando é esperto, antecipa acontecimentos e acerta aqui e ali. Mesmo assim, mesmo sabendo os próximos eventos que acontecerão no próximo capítulo, o leitor fica curioso, motivado, apaixonado a cada página e segue lendo, sem se prender a suas próprias expectativas, mas se deixando conduzir pelo que texto que, segundo o que vai descobrindo, vai sendo escrito à medida que vai passando a vista.

Imprevisibilidade é o dom de quem sabe viver sem se prender às expectativas, quer suas, quer dos outros. Talvez alguém levante a seguinte questão: então ser curioso é uma inconveniência... Bem, a curiosidade é um alimento. Move a vida! É ela que nos faz transformar até mesmo o mais presumível em algo inesperado – tudo para escapar da inércia: o mesmo beijo, o mesmo olhar, a mesma vida vira vida nova a cada linha lida.

E sabedoria tem aquele que, como o Um Amor, sempre tem vontade de viver cada dia essa imprevisibilidade plausível e nada assustadora, pelo contrário, cativante e úbere.

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