14 de agosto de 2015

IX - Luminosidade



"Uma luz que não produz sombra..."

Toda luz precisa servir para algo: ser clarão em profunda escuridão, ser guia em caminho opaco, sinalizar um ponto almejado, tornar visível um ponto que não se vê, apontar para algo... Existe uma centelha divina dentro de cada coração e, por isso, podemos todos ser luz. Mas, é claro, nem todos sabem o que significa e muito menos como é ser luz.

Brilho bom é aquele que suavemente lhe aponta o caminho ou o objeto que se quer ver. Se a luz está muito forte, há saturação – um fotógrafo sabe bem a importância da luz: não pode ser demais nem de menos. Brilho suave ilumina de verdade. Brilho excessivo cega. Moderação sempre.

Brilho bom também é aquele que, sendo o objeto a própria fonte de luz, brilha a tal ponto de nos permitir ver os mínimos detalhes, aqueles escondidos de propósito, para que apenas os olhares atentos os alcançassem. Como quando estamos diante de um monitor: se houver muita luz, nada enxergamos e ainda podemos sentir graves desconfortos; se houver pouca luz, vemos mal e nem nos damos conta das ricas miudezas que ficamos sem conhecer. Brilho bom não toma luz emprestada para brilhar mais do que o brilho natural, afinal os únicos bons empréstimos são os de livros, quando você é o locador.

E ainda, brilho bom é aquele que não ilumina a si próprio, aquele que serve para apontar para algo. Quando o alvo é a própria fonte, algo vai muito mal – é preciso partir de um ponto para chegar a outro. Escapar da inércia, da estagnação. Esse brilho que aponta anuncia algo grande, maior que a própria fonte. E a verdade é que a meta certa de todas as luzes deveria ser só uma. Infelizmente muitas luzes distorcem, outras saturam, outras, por egoísmo, emitem pouca luz... Enfim, a maioria das luzes acaba sendo problemática em relação à meta. Obviamente, algumas vezes o problema não é a luz em si, mas os olhos de quem segue a luz – iluminação e os olhos do receptor precisam gerar um casamento perfeito, é o par – nem só um, nem só o outro. No fim das contas, o encontro das luzes também depende do projetista.

Parece, então, que encontrei a luz que emite o brilho certo. Como a Lua (até no nome), reconhece que o brilho não é seu próprio, mas dada por uma luz ainda maior. Como todos mereciam ser, aponta com carinho um caminho a seguir, caminho descoberto a cada dia sob a guia do Amor. Como eu precisava, me mostra que eu também sou luz, que também tenho essa centelha divina, que também aponto caminhos e que também ilumino escuridões. Como ninguém é capaz de merecer, é luz com brilho exato, sem excessos, sem ausências, sempre presente, sempre disposta, sempre fiel. Como luz que há de ser eterna, aponta para Deus e leva para junto dEle por meio do sorriso, por meio da dignidade e da liberdade de filha, de irmã, de amiga, de mulher errante, porque humana, e perfeita, porque divina.

É, pois com a luz que encerro, já que jamais serei de capaz de demonstrar e listar todos os atributos do Um Amor. Obrigado por ser única, concreta, livre, incompleta, regular, impecável, imprevisível, disponível, luminosa e todas as outras coisas que um dia, se Deus quiser, serei capaz de transformar em signos linguísticos. Obrigado por me fazer sermos nós. Obrigado por nos fazer sermos mais. Obrigado por ser O Amor.

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