"É impossível repetir o que só acontece uma vez,
é impossível reprimir o que acontece toda vez que alguém acorda..."
Não sei se os demais seres humanos dão valor como eu (se é que eu sou mesmo um ser humano) a precisão – nomeei-a no título de “impecabilidade” e talvez não seja um sinônimo exatamente perfeito (na verdade, a perfeição dos sinônimos é um engano, tolice, ingenuidade, ilusão e outros tantos sinônimos), talvez daqui para o fim eu mostre a união dos campos semânticos. Dou muito valor e eu acho que não consigo explicar bem o porquê. Tentarei.
Qualquer pessoa já se deparou com uma situação em que os sentimentos
todos se misturaram e, de repente, algum sobressai. Abole-se com isso a
precisão. Todos os sentimentos se manifestam ao mesmo tempo e nenhum coopera
para o bem daqueles que o tem – como o amor coopera sempre. É até natural que,
devido à obscuridade de algum momento, não se saiba bem o que fazer com os
sentimentos que se tem. Deixa-se um comandar os outros e perdem-se as
estribeiras...
É por isso que fica raro encontrar a precisão. Há um ponto
que se deve buscar (chamam atualmente de ponto de equilíbrio, revisitando a
proposta aristotélica de que a virtude está no meio) e é uma busca sem fim
porque, de fato, é difícil encontrar uma coisa tão espremida: força de um lado
delicadeza do outro; falta versus
excesso; overdose versus abstinência... A precisão é
precisa, necessária (aqui o sinônimo ajuda!). E eis que aparece o porquê da
impecabilidade no título: para ser impreciso há que ser impecável na hora do
encontro, isto é, o momento em que é exigido de si a decisão entre uma reação
ou aquela diametralmente oposta.
À hora do “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”
quase ninguém sobrevive. É a sinceridade, descontrolada, a responsável por essa
não sobrevivência. Na hora H, no dia D, muita gente acaba sendo sincera a ponto
de, ou explodir e destruir tudo ao redor, ou correr e escapar da luta, fugir
com desonra. Costumo ser esses últimos. Mas o Um Amor tem doutorado em
imprevisibilidade (essa é outra característica ainda a ser apresentada) e
sempre mostra a precisão. Imprevisível porque ninguém espera que um ser humano,
em vez de puxar o gatilho ou de correr da briga, mostre o que de fato precisava
ser feito. O Um Amor é impecavelmente preciso. E isso, mais que raro, é
sobrenatural.
No meio da força e da delicadeza, do exagero e da escassez,
da solidez e da flacidez, da razão e da emoção (substantivos eternamente
briguentos) deve morar algo, esse algo, me mostrou o Um Amor que é a
autenticidade e o amor pela objetividade na decisão. Precisão. Algum dia serei
impecável em minha descrição e hei de demonstrar exatidão no relato dos fatos
para comprovar a teoria. Mas não estou fazendo experimento, mas formulando
hipóteses. E minha hipótese principal nesse ponto é que o Um Amor é Um Amor
porque é impecavelmente precisa, embora tenha como qualquer ser humano tantos
sentimentos em sua vida.
Que o mundo encontre a precisão como eu precisamente encontrei. E, sabe, eu não precisaria ser preciso com mais nada... já fui preciso ao me eleger amor do Um Amor.
Que o mundo encontre a precisão como eu precisamente encontrei. E, sabe, eu não precisaria ser preciso com mais nada... já fui preciso ao me eleger amor do Um Amor.
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