Na viagem de hoje do ônibus, da escola para casa - ao meio-dia, aos quarenta graus de calor, após longa e quase interminável espera na Praça do FRIPISA - em uma das paradas na Av. Magalhães Filho, quase chegando na Av. Centenário, atentei para uma coisa que ainda não havia atentado...
Com a cabeça encostada na janela ralada e barulhenta do 203 e com o fone aos ouvidos, ia eu, como sempre, olhando pro lado de fora do ônibus. Paisagens, pessoas, lojas de material de construção, praças, outros ônibus (também lotados), outras pessoas (famintas - de que? Fica difícil dizer)... E, por alguns segundos, observei, filosofei, imaginei e divaguei a cerca de uma aparente besteira.
Estavam sentados na mesa de um bar, em frente à parada que dei as coordenadas acima, os fiscais da natureza. Estavam, em pleno meio-dia e meia de uma quarta-feira, bebendo um cervejinha, rezando (acho que isso não, né?) e fiscalizando...
Então fiquei a pensar naquilo. Deve ser algo realmente enriquecedor (e isso não é sarcasmo) sentar com os amigos no meio da semana, em um horário terrível, aproveitando a paisagem conturbada e conurbada da cidade grande (cidade grande... agora sim foi sarcasmo).
A cidade corre, os ônibus atropelam a poeira, as pessoas pedem parada, os carros param para abastecer no posto de gasolina ao lado, mas lá estão eles, firmes e fortes. Com as loiras geladas. “Derrubando rodela”. Até me entristeci por um momento: eu não bebo, por isso pensei que jamais sentiria aquela sensação que eles sentiam.
Eu olhando pra eles da janela do ônibus e eles olhando pro mundo ao redor. Vendo se o vento estava ventando mesmo, se o oxigênio estava entrando nos pulmões das pessoas, contando as histórias do fim de semana com os amigos e com as namoradas (não necessariamente uma para cada, óbvio!).
Pro grande Mario Prata, é impossível confiar em alguém que não bebe. Certo. Um dia tentarei, quem sabe... Mas ainda não sei se vou mesmo aprender a beber, mas vou fazer um esforço só para sentir aquela mesma coisa: vadiar no meio do mar de obrigações e relaxar no meio da turbulência da cidade. “Um ‘sim’ numa sala negativa” era todo esse pequeno passarinho, como diria Rubem Braga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário