Como fico? Pra onde vou? Serei esquecido? Vou esquecê-la? O que será de mim?... São perguntas como essas (de marido que foi chutado para fora de casa) que tomam conta das pessoas numa data como o dia de finados. E com razão! Essa é a intenção deste dia.
Para outros cristãos e outros seres humanos, nosso hábito de lembrar, uma vez por ano, os mortos é algo sem fundamento bíblico, por isso, estaríamos errados ao celebrar esse dia. Para nós, cristãos católicos, é um dia para lembrarmos aqueles que amamos que atenderam ao chamado maior do nosso Senhor maior.
A celebração da morte existe desde o começo da humanidade. Sempre lembrou-se dos mortos. No entanto, só após a vinda de Cristo essa celebração se tornou sinal de esperança e de fé. E desde o século XIII o dia de Todos os Mortos é celebrado no dia posterior ao dia de Todos os Santos.
Acabo de chegar do cemitério. Visitei e acendi velas no túmulo de meu pai e no cruzeiro do cemitério Santo Antônio. Nunca foi uma tortura ir ao cemitério, exceto pelo fato de ter de acordar cedo. Mas é preciso que eu diga que sempre achei o cemitério um lugar mais agradável que hospital... Hoje em dia, mais do que nunca.
É interessante como a morte é encarada por nós seres humanos. A morte é o único momento da vida (ou da existência) de um ser humano em que ele se torna igual a todos os outros. Na verdade, tem outro momento, mas não seria nada ortodoxo colocá-lo aqui...
Por isso o respeito, a lembrança, a celebração da vida como conhecemos, que se encerrou para determinada pessoa, e da morte que nos separa do desconhecido. Aquilo que só esperamos, através da fé. “A fé é um modo de já possuir aquilo que ainda se espera. É um meio de conhecer realidades que não se veem.” (Hb 11,1)
Tendo esta fé, somos capazes de lidar com o drama ou com a esperança (o que preferir...) da morte sem perder a cabeça, procurar subterfúgios ou confortar-se de tantas maneiras o mundo nos oferece.
Fazem experiências com espíritos e com as coisas de “outras vidas” por este mundo afora. Não quero entrar aqui no mérito ou na veracidade da causa, só penso que, assim como uma galinha não pode saber o que se passa num canil, nós vivos não podemos saber o que se passa no Reino dos Céus. Cada coisa no seu tempo (pegando o raciocínio lá do livro do Eclesiastes). E, como o próprio Homem falou: as coisas dos homens pertencem aos homens, as coisas dos céus aos céus!
Se nos guiamos a buscar paz de espírito querendo ouvir espíritos, estamos dizendo pra nós mesmos que foi vão tudo o que Jesus disse, viveu e sofreu e que de nada serviu sua morte. Além disso tudo, negamos a esperança que Deus, por meio de Cristo, nos deu: a ressurreição. Ressurreição esta que só é possível entender ao estar nela, da mesma forma que só é possível entender da vida ao vivê-la, do amor ao senti-lo, de música ao ouvi-la, de Fernando Sabino ao lê-lo...
Sentei aqui a escrever porque ao acender as velas no cruzeiro do cemitério e ao terminar a última Ave-Maria daquele momento, escutei as conversas que nunca são extintas no dia de Finados, principalmente nos cemitérios: “o ser humano é assim mesmo... vai sem saber que foi!”, “É rapaz... a gente só ‘véve’ com uma certeza: que a gente vai morrer!”, “Deus deu, Deus tira, né mesmo cumpade?”... E nesse eterno indagar, discordar e esperar, vou vivendo até o dia em que terei a alegria de entrar no Reino dos Céus ou de,caso eu não vá (se for essa a vontade de Deus), ver quem eu tanto amei na felicidade e no descanso eterno.
Olha, eu nunca gostei do dia de finados... mas com sua excelente explicação passo a compreender melhor este dia. E concordo com tudo o que diz. Também sou católica!
ResponderExcluirBeijos