17 de agosto de 2010

Teresina - 158 anos e um dia!:D


Sejamos eternos, querida,

mesmo na plenitude de nossa ira.


Chega de nossos discursos prontos,

não suportamos mais esperar o fim do verão.


Estranhamos, em silêncio, conselhos dos mais velhos.

Tentamos, inutilmente, reler os jornais passados;

o que buscamos nas páginas surradas?


Apaisagem se adensa na geografia das ruas

de nossa cidade desconhecida.


Mergulhemos no assombro de nosso desejo;

é sempre possível a palavra mais pura e límpida, querida,

mesmo fora de nosso dicionário.


O cheiro do feijão, em panela de ferro,

reacende o fogo de lenha da imaginação: o relógio da manhã.


Herdeiros de nossa própria memória,

divisamos a rua de nossa fraqueza e ausência, na tarde que se avizinha.


O leito seco do rio aguarda a estação chuvosa nas cabeceiras;

depositemos, pois, iguarias e provisões na vazante de nossas horas.


Sejamos eternos, querida,

mesmo na finitude de nosso dia.

Marcos Freitas

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