Escrito na noite do dia 03 de fevereiro deste ano, depois da surpresa que fizeram pra mim... surpresa que sobrou pra mim, como dá pra ver lá embaixo... Queria que todas que fizeram aquela surpresa lessem isso, mas, na impossibilidade, fica no meu coração o meu agradecimento.
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Talvez eu me repita muito por algum tempo. Talvez eu use, por muitas vezes, o mesmo tema ao escrever alguma coisa: o amor. Mas pra que falar de algo mais se o amor é tudo? Desta vez, quero falar do amor que recebo, visto sobretudo hoje, meu aniversário.
Enquanto escrevo vou buscando inspiração no reflexo das palavras de quatro cartolinas coladas com fita gomada na parede do meu quarto. Uma verde, uma rosa, uma amarela e uma azul. Palavras soltas, textos singelos, flores, corações, colcheias, um triângulo retângulo (o que eu ainda não entendi bem o porquê)... tudo isso aqui neste quarto.
Isso que acabei de descrever é a representação do maior presente da minha vida que se repete todos os dias do ano: a demonstração do amor. Tudo bem que hoje tem um leve empurrãozinho por ser o dia que minha cabeça ganha mais cabelos brancos, mas, reitero: isso se repete todos os dias do ano.
A prova de amor não está somente na preocupação que todos tiveram de fazer algo que me agradasse ou de escrever com a letra bonita ou de fazer um esforço para estar presente na surpresa preparada para mim em minha casa. A prova de amor está nas palavras simples.
Eu ainda busco a simplicidade da palavra (como busco a simplicidade Da Palavra), por isso talvez jamais fosse capaz de preparar um presente como este que me deram. Não por não ter criatividade (e nem tenho tanta), mas por não ter a ousadia das palavras simples. Não tenho a coragem do vocabulário comum nem das frases fáceis. Me falta essa audácia.
Ainda me perco buscando sinônimos. Não sou como o JLB, que aprendeu em vida a não buscar os sinônimos por “sugerirem diferenças imaginárias”. Não sou como o Rubem Braga, que percebeu ser a simplicidade o grande mistério da poesia...Mas estou vivendo. Envelhecendo. Sei que um dia vou perceber que a simplicidade das palavras faz a vida ser bem mais bela e que toda a maravilha do mundo é graças à normalidade (e não à perplexidade) do que se escreve.
No entanto, a palavra a qual me refiro não é simplesmente a palavra escrita, aquela do dicionário, o vernáculo. A palavra, que se faz pura e perfeita no planeta água, é a palavra: ação, pensamento, vida. Não é possível usar a pureza das palavras simples se a vida não for simples também. Ou talvez seja o contrário, mas isso já é complicado demais, logo não cabe neste texto simples.
O certo é que quanto mais eu vivo, mais eu percebo que não é o amor que faz o simples ser bonito, e sim o contrário.
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