12 de abril de 2011

O Enchedor de Saco


Dispositivo eletrônico de luxo. Meio de comunicação da alta sociedade. “Aparelho para transmitir a distância a palavra falada”, como diria o amigo Aurélio. Ou “primeira coisa do mundo”, como diria o nobre reitor de minha Instituição de ensino, Francisco Santana, querendo dizer saberá Deus o que... Se ainda não deu pra captar sobre o que estou falando, respondo objetivamente (mesmo sem ter ouvido a pergunta): é o telefone!

Essa excelente contribuição daquele carinha que eu quase nunca lembro o nome (lembrei agora, indo rapidamente ao gúgol: Graham Bell) tem uma história gigantesca, memorável...

Ainda hoje escuto meu padrinho dizer, com orgulho, que foi um dos primeiros da região onde moro a ter a linha (ou franquia, como ele próprio diz) telefônica. Verdade! Apesar de não ser, com uma coisa daquelas (um telefone) em casa, ele poderia ser considerado integrante da alta sociedade. Quase “sangue azul”!

Depois ele foi chegando em todo lugar e caindo no comum, como aconteceu com a televisão, computador, mp3, câmera digital, internet. Quem não tinha era atrasado. Démodé (essa palavra tá mesmo démodé). Mas, mesmo com essa evolução natural, foi possível ver alegria no rosto das pessoas quando chegou o orelhão na praça da creche em frente a minha casa. Lembro-me até das minhas idas ao orelhão só pra ouvir a minha voz num número que a gente discava. E as vizinhas reclamando quando acertávamos a bola no telefone, dizendo que a gente ia esculhambar o digníssimo.

Foi passando o tempo e a comunicação ficando cada vez mais possível, próxima. O telefone já era quase coisa do passado. O negócio era a internet. Pelo telefone dava de ouvir a voz da pessoa e quanto mais distante melhor. Não sei se aconteceu só em minha casa, mas o telefone sumiu, mesmo sem termos internet. Era preciso entrar na moda. Apareceu o celular. Cada familiar com o seu. Só não a avó porque pensava que aquilo era coisa do cão, magia negra! Inocente, pensava eu que nunca mais ouviria os professores falarem no gerundismo das queridas operadoras de telemarketing... Inocente mesmo!

O telefone voltou. Hoje ele ocupa novamente lugar privilegiado: a estante, do lado da televisão. E, mais do que ocupar lugar importante, ele tira o sossego. Quando você pensa que vai ter um minuto de sossego, lá aparece o desgramado falando em sol sustenido. Só pra encher o saco. Acabar com o sono que tava querendo começar...

À noite ele toca, pra dar notícia ruim. De manhã cedo, pra cobrar. No domingo, pros amigos dizerem que sua casa foi sorteada para eles passarem o dia bebendo coca-cola e falando besteira até a hora do jogo que, se for do Flamengo, eu, dono da casa e flamenguista, serei convidado a não assistir!

Presente em tantas situações diferentes, boas e más, foi esse meu querido odiado que tentei homenagear. Sem nenhum motivo aparente, mas simplesmente pela notícia que acabei de receber por ele: perdi uma prova na escola! É a vida...

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