10 de setembro de 2010


Estou na página 78 de um livro do Luis Fernando Verissimo depois de uma semana com ele (o livro) em minha casa. Isso é uma vergonha! Ter lido tão pouco não significa que o livro seja tão ruim. Significa ou que o poder de leitura do caboclo que o lê é ruim ou que o tempo desse caboclo é pouco. Meu caso é é o primeiro. Mas acho que neste caso cabe mais o segundo. Enfim... não vim falar de mim, nem falar de ninguém... não vim FALAR. Vim escrever...

Esses dias eu tenho pensado muito (♫"Tem dias que eu fico pensando na vida..."♫) sobre o humor. Meio em virtude do livro que venho aos muitos poucos lendo, meio em virtude do período eleitoral, meio em virtude do tempo em que vamos sobrevivendo. Tem me feito rir o modo com que o mundo está ultimamente. Não aquele cético "rir pra não chorar", mas o "rir pra não chorar" de quem ri com uma certa preocupação e com um certo medo.

Tem me amedrontado o descaso com a vida, com a natureza, com o ser... a omissão, a corrupção, a devassidão, a trivialidade e perca da sensibilidade dos homens. Fico com medo até do esquecimento das pessoas. Não de eu cair nesse esquecimento, mas o esquecer tão fácil das coisas maravilhosas e dos bens eternos que temos. Parece que a ressureição do filho de Deus não é mais do tamanho que tem que ser: infinita. Parece que não se acredita mais nessa ressureição. Estou com medo e admito isso porque sou errante. Se eu fosse sempre certo, não seria perfeito. O medo, o cansaço, a preguiça, a infantilidade, o pecado e todas as outras coisas que carrego junto de mim só se extinguirão quando, pela graça de Deus, eu alcançar a vida eterna. Por isso tenho medo e não tenho medo de dizer que tenho medo.

Hoje, quando saio de casa, não sinto outro cheiro se não o de fumaça. Não sinto outra coisa se não confiança. Confiança de que esses males não me farão mal algum, pois o único mal que podem me fazer é o de perder a fé, e esse é um mal que não me assusta. Não que não seja possível eu perder a minha fé (e não é possível, mas digamos que fosse...), mas mesmo que eu a perdesse eu teria o amor e a esperança, ou seja, continuaria tendo fé.

Os males são inúmeros: a sujeira das ruas e a sujeira daquelas pessoas que apontam a sujeira dos outros; a sujeira do ar e o ar fétido e imundo dos corações ambiciosos e invejosos que sofrem em todo lugar; a sujeira dos ouvidos que não sabem ouvir e das bocas que não sabem calar-se; a sujeira das mentes que cogitam mundos, planejam futuros, constroem vidas, mas que não são capazes de viver o presente tampouco viver; a sujeira dos dedos de quem rouba celulares, MP3 e relógios e a sujeira de quem rouba dignidade, de quem rouba a verdade, de quem rouba a liberdade...

Cada vez mais me vem a certeza de que o mundo é mais pessimista do que qualquer pessoa que se diga pessimista. O mundo é tão pessimista que ele nem percebe que é. Uso sempre "mundo" pra falar de pessoas. Mas pra falar das pessoas que se encacham nos releases de ignorância e de neurastenia presente no mundo atual. Pra falar das pessoas que são releases, apenas projetos, pedaços de seres humanos. E aí me pergunto: essas pessoas existem? Sempre que tento achar culpado lembro que achar culpado é demodé.

Aquele que rouba, rouba por necessidade. Aquele que faz o mal, faz o mal porque ninguém tem a capacidade de amá-lo e de ensiná-lo o que é amor. E os políticos? Descemos a lenha neles. Aproveitamos esses tempos pra lembrar o quanto eles são irresponsáveis, responsáveis somente pelo ruim que vemos. Os políticos, por sua vez, aproveitam pra dizer que a culpa de existirem políticos corruptos é do eleitor que os dão essa chance. No fim, todos somos culpados e todos somos vítimas. Por isso "mundo" pra falar de pessoas...

Poderia pôr aqui no final deste texto o que eu nunca deixo de colocar: a oposição. A oposição do pessimismo e das coisas ruins. Mas não vou fazer desta vez, não! Não preciso. Quando juntamos tudo que não presta, todo o mal, é possível ter uma lista enorme. Quase interminável. Mas que termina. A minha acaba quando lembro que é impossível fazer uma lista das coisas boas... as coisas pequenas, as coisas grandes, a Coisa... Por aí vai. Não dá pra ficar triste sendo eu tão teimoso. Não dá pra ver alguém triste sendo eu tão louco pra ver todo mundo ciente de que é feliz, pois vive e será eternamente feliz porque um Homem um dia nos deu essa certeza e todo os dias nos dá essa eternidade.

♫"Faça uma lista de grandes amigos... faça uma lista dos sonhos que tinha..."♫(A Lista - Oswaldo Montenegro) terá aí o final do meu texto. O final otimista do meu péssimo texto. O final que eu desejo nunca ter que escrever, pois é chato conscientizar as pessoas de coisas que já fazem morada em nossa consciência e em nosso coração - lugar onde a consciência nunca será capaz de chegar.

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