7 de julho de 2011

Conversa de Vida Alheia


Toda rua tem que ter. Melhor, todo bairro tem que ter. Definitivamente, o Universo tem que ter. Acho que faz parte do equilíbrio. Se elas não existissem, o mundo não existiria... De quem eu estou falando? É claro, evidente e notório que estou falando delas, as fofoqueiras.

Eu poderia fazer uma viagem histórico-cultural e fazer referências científicas à importância dessas mulheres tão valorosas, mas eu não quero fazer isso porque levaria tempo. Dizer apenas que o Jornalismo, a Literatura, a História, a Publicidade e até mesmo a Economia, baseiam-se em muitos princípios da fofoca, do fuxico, intriga, mexerico, bisbilhotice, meada, trica, caraminhola, onzenice ou chame do que quiser chamar...

Quem nunca viu por aí as cadeiras de espaguete e os tamboretes nas portas das casas servindo de assento às nossas heroínas da história? Quem nunca olhou pra um grupo de senhoras conversando na parada de ônibus e sabia que ali era conversa de vida alheia? Quem nunca foi vítima da mulher que varre a calçada e entre uma varrida e outra solta uma milonga acerca de um conhecido (ou desconhecido) dela?

Quase que eu vacilo no final deste último parágrafo. Por um parêntese eu não tiro toda a dignidade de uma fofoqueira, pois fofoqueira que se preze não fala só de quem ela conhece, fala também, e com muita propriedade, de quem ela ainda não conhece. Quando não tem como falar de quem conhece e de quem não conhece, o que ela faz? Ahh!! Aí ela inventa...

Sei é que fofoqueira é a profissão mais antiga que existe. Mesmo antes de surgir os movimentos feministas e a mulher ganhar o espaço que possui hoje, já existiam as fuxiqueiras. Fuxiqueiras profissionais. Profissionais mesmo! E ai de quem dissesse o contrário.

Hoje em dia, nesses tempos de digitalização da informação, a fofoqueira não perde o seu espaço. Por mais que exista o Twitter (o lugar dos fofoqueiros e dos curiosos), ainda se respeita as donas Marias, que servem também de inspiração.

Aí você me pergunta: mas Rivanildo, que negócio é esse de donas Marias? Quer dizer que não existem homens que gostam de derrubar rudela? E eu respondo: claro que existem, mas eles têm como competir? O homem não passa de um curioso - aspirante a fofoqueiro. A profissional do fuxico mesmo é a mulher!

Então não se envergonhe se você abriga dentro da sua casa ou até mesmo dentro de você uma doutora na arte da fuxicagem: isso é motivo de orgulho e de preservação histórica! Afinal, sem as fofoqueiras as pessoas jamais seriam as pessoas que são e o mundo jamais seria do jeito que é, se é que ele existiria...

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