27 de outubro de 2010

Num dia desses, no ônibus...


É incrível como ganhamos pensamentos novos para escrever quando acordamos atentos, quando observamos as coisas a nossa volta com olhos de segurança de supermercado. Vemos tudo e fazemos de tudo o que vemos histórias, pensamentos, até textos para serem postados em blogs por aí afora.

Mas não vim escrever sob um parâmetro tão extenso que é escrever sobre as coisas que nos fazem escrever. Vim escrever sobre uma dessas observações de um dia desses.

Definitivamente, o ônibus é o lugar em que a gente mais pode escrever sobre. Esta já é a segunda vez que me sento para escrever sobre as viagens matinais ao IFPI no Mocambinho - Alto Alegre (não vou pôr o nome da empresa... sem merchandising! ). Desta vez, as observações foram menos indignadas e nem um pouco revoltadas, mesmo podendo escrever assim, visto que eu viajava maltratado, coisa do costume de quem estuda ou trabalha e tenta preservar o meio ambiente usando o transporte privado (era pra ser público, não é? Mas não sei não. Tenho minhas dúvidas...).

Entrei no ônibus e passei meu passe-verde para ser assaltado na maquininha da catraca (meu Deus, eu estou sendo insurreto!!!). Fixei-me em pé. À minha frente: uma moça, lá com seus trinta anos, e uma menina de colo (ou seria de ombro?). E aqui começa minha observação...

Sabe quando passa pela sua cabeça mil histórias? Quando você se sente uma daquelas senhoras que se sentam na porta de casa pra conversar até tarde da noite? Pois estive nessa situação! Fiquei ali, alguns muitos minutos, olhando aquela menina que deveria nem ter a consciência de estar olhando pra alguém que estava imaginando como seria a vida dela. Certamente, se ela fosse bem mais velha, não teria olhado pra mim com aquela curiosidade e com aquela delicadeza.

Nunca fui olhado como fui olhado por aquela jovem criança que, pelo tamanho das mãos, deve ter um ano e meio. Nunca fui arrebatado por uma história que eu supunha como fui arrebatado por a que eu imaginava que fosse a daquela criança. O futuro me pareceu existir quando sonhei, com os olhos abertos, o futuro daquela menina de cabelos cacheados e olhos de siriguela.

Devo confessar que me apaixonei por aquela criança como é possível se apaixonar por qualquer criança (tirando A-quelas). As pessoas, à medida que ganham idade, perdem tanta coisa que, por eu já tê-las perdido também, fica difícil listar. Contudo, o que é relevante nesse texto é a sensibilidade, a docilidade e a sabedoria que só quem pensa não saber nada tem.

E mesmo agora, tendo descido aquela mãe atenciosa com sua filha cheia de luz, aquela vida que me passou pela cabeça e pelos olhos ainda me enche de alegria. Os olhos daquela criança me fizeram sair da minha inépcia e da minha preocupação boba com a inépcia dos outros. Mas não quero deixar esse final com cara de livro de autoajuda, quero é escrever sobre o como eu me senti bem ao ver que a pureza ainda existe, mesmo que numa criança e mesmo que enquanto ela ainda seja uma criança...

2 comentários:

  1. Eu desisto de entender a profundidade filosófica desses textos relacionado as tuas viagens matinais de ônibus. '-'

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  2. é..ainda existe pureza nos seres,mas,olhe Riva,nem precisava ser no ônibus,sua amiga aqui é uma prova viva disso!

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