31 de agosto de 2024

coneXões

Essa história de suspensão do Twitter/X me lembrou o ano de 2011, quando participei das manifestações contra o aumento da passagem de ônibus em Teresina. A exemplo do que aconteceu em todo o mundo, as manifestações foram praticamente todas organizadas e propagadas pelo Twitter. Foi uma ferramenta importante para a juventude, que é quem tem mais energia para a luta, impedir que se aumentassem 20 centavos na passagem. Hoje, uma década depois, a juventude, que trocou o Twitter pelo TikTok, assistiu durante 4 anos a uma prefeitura defecar para o transporte coletivo! Se você não vê conexão, você precisa abrir o olho!

 

Outra coisa para a qual você precisa abrir o olho é para o fato de que o banimento do Twitter/X é a ponta do iceberg do controle da informação. Quem controla a comunicação controla mentes, almas, vidas e, claro, o dinheiro! A morte do Silvio Santos foi um bom momento para lembrar que veículos de comunicação, como qualquer outro negócio, como Sauron, desejam “acima de tudo o poder”!

 

"O que tem a ver o Silvio Santos aqui? Você não era fã dele?". Era não. Sou. E ele sempre deixou claro que ele, diferentemente dos demais, era um artista, um comunicador e um empresário. Ao contrário, os outros todos são apenas empresários que usam comunicadores e artistas para o objetivo comum a todos os empresários comunistas ou capitalistas: enriquecer. O exemplo perfeito disso é a Globo que comemorou 123 milhões de espectadores alcançados com a cobertura da morte e as homenagens ao Senor Abravanel. Oportunismo? Claro! Postura de abutres? Sempre!

 

A morte do Silvio Santos é elucidativa! Sabe aquela história que ouvimos repetida de que o Silvio criou o almoço de domingo com a família reunida assistindo o seu programa? Isso tinha se tornado mera memória afetiva porque os smartphones, as mídias digitais e a internet tiraram a TV do centro da vida das pessoas. Compare o que era assistir a um programa como o BBB 20 anos atrás e como é hoje. Para se ter uma ideia, às vésperas do banimento, o Boninho chegou responder uma postagem do próprio Elon Musk, oferecendo ajuda com a questão do Twitter/X, afinal o Twitter/X fora do ar durante o BBB é algo relativamente ruim para os negócios...

 

Mas o negócio bilionário chamado TV não pode simplesmente acabar. Tem que sobreviver e usar a Internet a seu favor. E há mentes brilhantes reinventando, refazendo estratégias, pensando a longo prazo. É na esteria disso que em 2025 iniciam-se os trabalhos da TV 3.0: união da TV com a internet. Sabe as propagadas de sapato que você vê no Instagram depois de falar pra alguém que estava precisando de um calçado novo? Isso vai começar a acontecer na TV, que agora é digital e logo mais será totalmente interativa. O anúncio que te redirecionava do Instagram pra Amazon agora vai aparecer na hora da prova do líder direto na tua TV.

 

O custo dessa transição é altíssimo. Envolve não apenas o investimento em tecnologia (dinheiro nas mãos de desenvolvedores), como também a mudança na legislação vigente (dinheiro na mão de políticos). Não sei se você curte futebol, mas já se deu conta da quantidade de placas de publicidade, dos patrocínios nas camisas dos jogadores e das propagandas nos intervalos com sites de apostas, os tais “bets”? Pois é... Isso tem TUDO a ver com o banimento do Twitter/X.

 

A Globo fechou parceria com a MGM, maior empresa do ramo de apostas. Eis a fonte dos recursos: nenhum centavo tirado do próprio bolso, financiamento vindo direto do bolso do povão, que é quem mais consome sites de aposta, na esperança de enriquecer “pra ontem”. Rico não aposta? Claro: na Bolsa de Valores, onde o ganho é “pra amanhã”.


Mas e o Twitter/X? Ora, o Twitter/X é uma ferramenta utilizada por mais de 20 milhões de pessoas que são capazes de ter informação de qualquer lugar do mundo, a qualquer hora. O usuário do Twitter é um perigo maior do que o usuários de Instagram, Facebook e TikTok, pois naquela rede o entretenimento é secundário. O principal sempre foi a informação, os bastidores e, o melhor de tudo, o contato direto com a fonte primária, sem a intermediação de um veículo de imprensa, sem a intermediação dos jornalistas. Enquanto eu escrevia esse texto a famosa jornalista Andréia Sadi trancava as suas publicações no Twitter/X. Pois é... eles continuarão acessando no sigilo (por isso o perfil trancado) informações de diferentes lugares do mundo para filtrar aquilo que passarão a nós, reféns do que passar pelo filtro da edição de empresas como a Globo. O cidadão comum volta ao seu status de consumidor do que a redação resolveu que é verdade. Tem poder mais saboroso do que esse para uma empresa de comunicação?

 

O cálculo é simples: no caso do jogo de futebol, da novela e do BBB, o Twitter/X funcionava como impulsionador, convidava as pessoas a conversar sobre esses programas, gerando mais audiência, consequentemente mais patrocínio, consequentemente mais lucro. Por outro lado, no caso das notícias, o Twitter/X rivalizava, aliás, superava os telejornais e os programas de opinião dos veículos tradicionais. Twitter/X fora da jogada, as empresas voltam a ter o monopólio. Fim de papo, sem direito a VAR.

 

Enfim... Adeus Twitter/X, e junto mais uma ferramenta que dava poder demais a nós, meros peões desse tabuleiro cujo Rei segue sendo um pequeno grupo que se reúne a portas fechadas para decidir nossos destinos por nós, nossas preferências por nós, nossa liberdade por nós. E eu já ia me esquecendo das nossas esperanças, que estão nos jovens dançando no TikTok e fazendo memes no Facebook, Instagram e nos Threads. Lá não tem informações falsas, nem discurso de ódio nem qualquer outra coisa que o governo peça para o Zuckerberg censurar.

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