25 de setembro de 2012

De Quem Não Gosto


Não tenho pena daqueles que varrem o chão enfrentando um calor infernal e o desrespeito de quem passa perto e desmerece ou dá-lhe mais trabalho.

Não fico triste ao ver alguém cavando um buraco ou erguendo uma parede; não fico triste ao ver alguém limpando um banheiro ou vigiando a entrada da escola.

Não tenho vergonha de quem carrega sacolas ou passa o pano no chão, põe a pá embaixo da poeira para jogar o lixo no seu lugar ou de quem engraxa os sapatos dos outros como se fossem seus.

Não me indigno ao ver alguém jogando o lixo da minha casa na carroceria de um caminhão, tampouco tenho raiva de quem bate à mesma porta perguntando se eu quero algo que ele tenha para vender.

Não me sinto mal ao ver a senhora oferecendo peixe e o senhor dizendo que vende vales...

Não desmereço o camelô que me pergunta o que eu quero ou a moça que me oferece cartão de crédito.

Não faço cara feia para o rapaz que me dá o folheto da sua loja nem viro a cara à moça só porque o seu trabalho é perguntar-me o que desejo ao me atender.

Tenho pena é de quem foge à luta, de quem não assume o compromisso de ajudar na construção do mundo, de quem não emprega sua força na movimentação constante da vida. 

Fico triste é ao ver o comodismo de quem espera e não faz por merecer ou quem acha que é a obrigação do universo o seu próprio bem-estar.

Envergonho-me ao saber que há quem pense que não existem oportunidades e que tudo dá errado para quem corre atrás do sucesso.

Indigno-me quando ouço histórias de quem não corre atrás e quer apenas ser carregado. Sinto-me mal ao conhecer pessoas que se apropriam do suor alheio para bem suceder-se.

Não gosto é de quem não dança, pois a canção está no ar e não é à toa: ela está lá para dançarmos e irmos e voltarmos na ciranda da vida... para dançarmos conforme a música ou pedirmos ao maestro que toque outra, caso aquela não dê para dançar.

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