Eu não consigo entender como eu sou tão incompreendido quanto às minhas viagens matutinas e você incompreende coisas que, ao ver de qualquer ser humano normal, são simples, ainda mais por estarem dentro de você.
Estou enganado?
Talvez...
Sou a pessoa menos indicada pra falar de você, mesmo já conhecendo detalhes teus como a cicatriz no rosto, o dedo mindinho torto, a perna que balança na hora da raiva, assim como a sobrancelha a fechar o olho... a curiosidade, o ciúme e as zilhões de boas coisas que eu não vou colocar nesta minha resposta por motivos óbvios. O principal deles: não dar crédito a quem não merece.
Voltando lá pra cima... estaria eu errado? Talvez. Provavelmente. Não sei. Pode ser. Tanto faz... A subjetividade dita regra por aqui, não é mesmo? Dizer que quer e não quer, reina em teus papos acerca disso que foi blogado...
Tentei, ao te contar minha pequenina e tão comovente história, te mostrar que é complicado dizer que as coisas relacionadas ao lado louco do coração se resolvem, mesmo quando um dos dois pode resolver. No meu caso, não sou eu! Mas, é claro, você não acolheu do jeito que eu queria. Ou minha situação não teve o efeito que EU queria que tivesse. Da mesma forma que você não entende ou não recebe nada que eu lhe dou ou que eu lhe digo do jeito que eu queria. Se não fosse assim, hoje eu nem estava aqui tentando te convencer duma coisa que você não vai se convencer, pelo menos não por textos meus.
Às vezes dar nome aos bois ajuda, às vezes é só questão de logística (ou seria “pecuárica”. ahh... esqueça esse parêntese – ou o texto todo, fica a seu critério!). Quero dizer, minha amiga, que se perder ao pensar coisas que você supõe saber só atrapalha. Mas aí vem um porém: às vezes gostamos do que nos atrapalha. Exemplo: eu gosto de você! Pois é...
Assim é a vida... Escrevendo isso aqui que eu estou escrevendo, eu estou só a alimentar mais ainda as suas contradições. É ou não é? Ainda poderia fazê-lo mais algumas vezes, mas não posso me contradizer ao te ajudar nas tuas contradições.
Não posso falar de imparcialidade. Não consigo! Mas acho que consigo dizer que não entendo como pode o teu coração ser imparcial se ele parece não pensar nele mesmo. Entende isso? Se não quiser me explicar, não me explique. Se quiser, não me explique também. Quero distância de dificuldade, por isso às vezes sou distante. De quê? De tudo, até de mim...
Viu como também consigo não te entender? Mesmo as coisas simples são difíceis de entender. Inversamente proporcional àquilo que complicamos.
Um exemplo: achei super complicado quando me disseste dum problema com sua mãe. Eu não sabia, naquela hora, na casa de nossa amiga, dizer qualquer coisa. Achava que precisava aconselhar, mas sabia que não seria mais necessário. Já havia passado. Mas também pensava que você, por ter me contado, esperava ouvir alguma coisa de mim... E eu ali sem nada pra dizer. Quando, de repente, pensei que você não tinha entendido que sua mãe também estava com raiva e tinha o mesmo direito que você tem de fazer besteiras quando está com raiva. Você não entendeu isso, porque estava debaixo do seu nariz. Para você era simples, para mim complicado.
Voltando mais uma vez lá pra cima: estou errado ao achar que você complica as coisas que são fáceis? Não dá pra dizer. Essa é uma pergunta simples mas que, dadas as circunstâncias, faz-se preferível complicá-la. Mas, pegando o raciocínio do último parágrafo, se e complicá-la ficará fácil respondê-la, não é? Ah! Esse negócio tá me deixando é doido...
O certo é que eu tenho certeza que o John Deacon não fez aquela canção pra virar justificativa de você não saber o que se passa com você mesma! Ele deve estar é muito do decepcionado, uma hora dessas...
Para acabar ao estilo do texto que eu estou respondendo, o seu, vou usar uma frase que aparentemente não tenha nada a ver, mas que pra mim e pode ser que pra você também signifique alguma coisa: “não seria má ideia um pouco menos de terra e um pouco mais de mar nesse mundo!” (Rubem Braga). É só para lhe dizer que eu queria que essa sua história se danasse num oceano desses e que, se tivesse mais água ainda do que o que já tem, seria melhor ainda pra essa história morrer afogada.
Mas aí entra mais outro porém: você, certamente, odiaria ter que esquecer essa história. E eu também. Mesmo sem saber, essa história já é, para mim, aquilo que se pode chamar de sina. Jamais te escreveria tanto. Jamais saberia que, por um triz, eu posso te odiar do mesmo tanto que te amo...