18 de maio de 2015

Perdendo A Pé


"Por amor às causas perdidas..."

Por esses dias algumas notícias, no mínimo, abismais: na esteira dos tantos incontestavelmente incontáveis e praticamente infinitos casos de violência, três conhecidos meus foram presos, apontados como os principais envolvidos em ocorrências diferentes de sujeira, corrupção, tristes revelações da natureza humana.

O primeiro deles, conhecido dos tempos de escola, foi preso em flagrante com um comparsa, acusado de roubo de carro. Ao que tudo indica, fazia parte de uma quadrilha – como já de praxe no nosso Brasil, um ou dois presos não são nem um punhado de gelo do iceberg – especializada (quiçá com mestrado e doutorado) no mau-ofício de roubo de carro. Perdi um pouco da minha pouca fé ao ver a foto nos ciberjornais.

O segundo, conhecido de infância do futebol na quadra da creche, foi preso com mais dois companheiros após um arrastão por eles promovido numa lanchonete de um bairro nobre daqui. Irreconhecível a ponto de engendrar em mim a dúvida de que realmente fosse ele, teve sua foto rapidamente compartilhada entre os contatos... Perdi mais um pouco da minha pouca fé ao ver a foto nas ciber-rodas de amigos.

O terceiro e último, conhecido um tanto quanto mais distante (mas não menos conhecido), foi preso acusado de participar de um esquema voluptuoso de violação de direitos autorais. Lembrava aqui e acolá das visitas que ele fazia a minha tia, tinha um sorriso cativante, caridoso, em nada questionável. Mas o que é sorriso quando às vezes os mais tristes são os que mais riem – como naquela história do palhaço que apontava a todos o sentido da vida por meio da alegria, mas não conseguia encontrar o sentido para sua própria? Perdi ainda mais um pouco da minha pouca fé ao ver a história nas ciberesquinas.

Já até escrevi neste mesmo singular solitário espaço que eu continuo acreditando naquele que não foge à luta. Não perdi toda a minha pouca fé. Continuo firme na certeza que, mesmo em números raros e escassos, ainda existem os apaixonados pela Dulcinea del Tomboso e que continuam firmes na fé de que outros semelhantes a eles existem. Hoje temos todos os porquês do mundo para desistir de nossa fé na humanidade, mas, assim como pode ser que seja (não sei...) da natureza humana a corrupção, é também de nossa espécie a teimosia e a obstinação, a insistência e a garra, não por um objetivo impalpável e invisível, mas pelo sorriso... aquele que é tudo, aquele que pode existir em todos, verdadeiro, profundo, feliz.

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