"Por amor às causas perdidas..."
Por esses dias algumas notícias, no mínimo, abismais: na
esteira dos tantos incontestavelmente incontáveis e praticamente infinitos
casos de violência, três conhecidos meus foram presos, apontados como os
principais envolvidos em ocorrências diferentes de sujeira, corrupção, tristes
revelações da natureza humana.
O primeiro deles, conhecido dos tempos de escola, foi preso em
flagrante com um comparsa, acusado de roubo de carro. Ao que tudo indica, fazia
parte de uma quadrilha – como já de praxe no nosso Brasil, um ou dois presos
não são nem um punhado de gelo do iceberg – especializada (quiçá com mestrado e
doutorado) no mau-ofício de roubo de carro. Perdi um pouco da minha pouca fé ao
ver a foto nos ciberjornais.
O segundo, conhecido de infância do futebol na quadra da
creche, foi preso com mais dois companheiros após um arrastão por eles
promovido numa lanchonete de um bairro nobre daqui. Irreconhecível a ponto de
engendrar em mim a dúvida de que realmente fosse ele, teve sua foto rapidamente
compartilhada entre os contatos... Perdi mais um pouco da minha pouca fé ao ver
a foto nas ciber-rodas de amigos.
O terceiro e último, conhecido um tanto quanto mais distante
(mas não menos conhecido), foi preso acusado de participar de um esquema
voluptuoso de violação de direitos autorais. Lembrava aqui e acolá das visitas
que ele fazia a minha tia, tinha um sorriso cativante, caridoso, em nada questionável.
Mas o que é sorriso quando às vezes os mais tristes são os que mais riem – como
naquela história do palhaço que apontava a todos o sentido da vida por meio da
alegria, mas não conseguia encontrar o sentido para sua própria? Perdi ainda
mais um pouco da minha pouca fé ao ver a história nas ciberesquinas.
Já até escrevi neste mesmo singular solitário espaço que eu
continuo acreditando naquele que não foge à luta. Não perdi toda a minha pouca
fé. Continuo firme na certeza que, mesmo em números raros e escassos, ainda
existem os apaixonados pela Dulcinea del Tomboso e que continuam firmes na fé
de que outros semelhantes a eles existem. Hoje temos todos os porquês do mundo
para desistir de nossa fé na humanidade, mas, assim como pode ser que seja (não
sei...) da natureza humana a corrupção, é também de nossa espécie a teimosia e
a obstinação, a insistência e a garra, não por um objetivo impalpável e
invisível, mas pelo sorriso... aquele que é tudo, aquele que pode existir em todos,
verdadeiro, profundo, feliz.
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